O Observatório do Mar dos Açores (OMA) está a desenvolver um programa educativo “único” de literacia para o mar, que já atingiu mais de 125 mil crianças em idade escolar na ilha do Faial, ao longo dos últimos 12 anos.

“É algo único! Ter um programa educativo em pleno funcionamento, aqui no Faial, integrado nos currículos das escolas, nas aprendizagens essenciais, construído com bases nos princípios da literacia do oceano e nos objetivos do desenvolvimento sustentável da UNESCO, é, de facto, algo que vale a pena apresentar e divulgar”, sublinhou Carla Dâmaso, coordenadora do OMA, durante a apresentação do programa aos jornalistas, em conferência de imprensa, na Horta.

No seu entender, este projeto educativo, denominado de “AMAR”, que já existe desde 2012, devia ser replicado nas restantes ilhas da região, eventualmente sob a alçada dos departamentos do Governo Regional ligados às áreas da Educação e das Atividades Marinhas, de forma a poder chegar a um maior número de escolas e de alunos em todo o arquipélago.

“Esse projeto não tem de ser liderado por nós, até porque não temos uma estrutura que o permita, mas porque não, pela Direção Regional da Educação, pela Direção Regional os Políticas do Mar, ou pelo Ambiente e Alterações Climáticas, que inclusive, tem gabinetes com técnicos de educação ambiental em todas as ilhas”, sugeriu Carla Dâmaso, lembrando que a equipa do OMA não tem capacidade, nem meios, para fazer chegar o programa às restantes ilhas.

No ano passado, o Observatório do Mar dos Açores realizou 356 atividades escolares, no âmbito deste programa educativo, envolvendo 8.146 alunos, tendo também organizado outras 9.780 visitas ao Museu da Fábrica da Baleia de Porto Pim, onde a instituição está sedeada, local onde estão guardados os utensílios utilizados durante os tempos da caça à baleia, e também os equipamentos da indústria de extração de óleo de toucinho dos animais e de aproveitamento de outros produtos, como as farinhas de carne, ossos e sangue.

“As crianças, os jovens e até a população em geral, do Faial, têm um nível de literacia do oceano superior à generalidade dos habitantes das restantes ilhas”, lembrou Carla Dâmaso, acrescentando que essa maior sensibilidade dos faialenses para os assuntos relacionados com o mar, não resulta apenas do trabalho do OMA, mas também da existência, na ilha, do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores e do Clube Naval da Horta, que tem realizado um "grande trabalho" na área da formação.

O programa educativo “AMAR” tem como objetivo estimular o contacto dos jovens com o mar, e com as criaturas que nele habitam, de forma a promover um maior respeito pelo ecossistema marinho, com vista à sua preservação.

Durante as atividades com os alunos são abordados temas como a vida marinha (biologia e ecologia das espécies), o lixo marinho, a oceanografia (compreensão das propriedade físico-químicas do meio marinho), a pesca sustentável, a arqueologia marinha (a relação entre o homem e o mar no passado), a relação entre a baleação e a ciência, e por fim, o mar profundo.