O navio de investigação dos Açores foi hoje lançado ao mar, em Vigo, Espanha, na cerimónia de “bota abaixo” ou “botadura”, tendo o presidente do governo regional dito que espera que possa ser um “ativo para o país”.
“Sinto aqui uma açorianidade imensa através desta ‘botadura’ do nosso Azores Ocean, que agora entra em água e será o nosso navio científico que muito servirá Portugal inteiro e dimensionará os Açores como relevante na ciência e na investigação marinha”, afirmou José Manuel Bolieiro, líder do executivo regional de coligação PSD/CDS-PP/PPM.
Com 45,95 metros de comprimento e 10,5 metros de boca, o navio entrou no mar pelas 17h00, com algum estrondo e sob toques de buzina, estando agora atracado no porto de Vigo para os estaleiros Armon avançarem para a parte de acabamentos e instalação de equipamentos, algo que o governo estima que suceda entre o fim de 2025 e início de 2026.
“Espero que o país sinta que tem mais um ativo. Penso que o governo de Portugal tem muito a ganhar com a sinergia que esta estratégia do governo dos Açores tem para aportar ao país. O nosso objetivo é transformar uma região de necessidades numa região de oportunidades. E também o país poderá ser um país de oportunidade Atlântica, ibérica e para a União Europeia”, destacou o presidente do governo regional.
Presente no evento em representação do governo nacional, a secretária de Estado do Mar, Lídia Bulcão, considerou o nome da embarcação, Azores Ocean, como simbólico do valor que o mar dos Açores tem “para alavancar Portugal no mundo”.
“Considero que botar este navio vai marcar uma viragem para impulsionar a investigação e o conhecimento das nossas águas”, disse aos jornalistas.
O navio, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência, está orçado num montante global de 25,8 milhões de euros (19,8 milhões para o navio e 6 milhões de euros para os módulos científicos).
Juntamente com o futuro centro de investigação Tecnopolo – Martec, a ser construído na cidade da Horta, o novo navio pretende alcançar “novas oportunidades de investigação científica e desenvolvimento nas áreas das pescas, da biotecnologia ou das engenharias marinhas”, de acordo com o executivo açoriano.
O navio vai ter capacidade para atuar, entre outras, em áreas como o mapeamento dos fundos marinhos (batimetria com base em equipamentos acústicos) ou prospeção e exploração biológica de organismos com aptidão biotecnológica.
Deve também operar no apoio ao desenvolvimento de tecnologias de produção de energias renováveis ‘offshore’ ou formação de ativos no âmbito da Escola do Mar dos Açores.
Terá também um equipamento acústico eletrónico que maximiza o potencial de investigação da plataforma até uma profundidade de, no mínimo, cinco mil metros.
Tem uma autonomia de 15 dias, inclui camarotes correspondentes à sua lotação máxima, sala de aulas, laboratórios (seco e húmido) e centro de dados.
O navio será registado no Registo de Bandeira Português como navio de investigação, com a lotação mínima de 20 pessoas para navegação global, excluindo as zonas com gelo, dez tripulantes técnicos e dez tripulantes científicos.
Adicionalmente, o navio tem lotação para um mínimo de 30 pessoas embarcadas em viagens diárias.