Com a coligação que gere a Câmara em maioria na Assembleia Municipal estava traçado o destino do último Orçamento que este executivo apresentou neste mandato. Na sessão de ontem, quinta-feira, o Partido Socialista votou contra o documento, alinhado com a posição dos seus vereadores que, na reunião da Câmara, já tinham dado o mesmo sentido ao seu voto. Contra votou também o deputado municipal da CDU.
Por aquela razão, o que mais saltou à vista na Assembleia de ontem foi a abstenção de cinco das seis freguesias socialistas do atual mandato. Foram elas Conceição, Praia do Almoxarife, Ribeirinha, Capelo e Feteira. Victor Pimentel, de Castelo Branco, foi o único que alinhou o seu voto com os restantes deputados municipais do seu partido.
O aumento de financiamento atribuído pela Câmara às juntas de freguesia foi o assunto mais debatido.
Câmara e partidos da coligação, PSD - CDS - PPM, conseguiram mostrar que o apoio da Câmara às Juntas aumenta efetivamente no próximo ano.
Da parte da oposição a reação, principalmente pela voz de Victor Pimentel, apesar de alguns pontos bem argumentados, nunca foi suficiente para anular a defesa que a maioria protagonizou.
A discussão, já com o ambiente eleitoral a pairar no interior do salão nobre dos Paços do Concelho, onde se realizou a reunião, foi acalorada mas preenchida em grande parte pelos argumentos habituais resumidos à acusação de vocês não fizeram, nós agora é que estamos a fazer.
As hostilidades foram logo abertas pelo presidente da Câmara durante a apresentação dos documentos do Plano e do Orçamento para 2025.
Prevendo a votação contra do PS, Carlos Ferreira insinuou que alguns presidentes de junta daquele partido se tinham feito substituir, não querendo estar presentes por discordarem do voto contra que se adivinhava. Esta insinuação não tinha porém suporte na realidade uma vez que, nessa circunstância apenas se podia contar o caso da Feteira. Quanto à substituição de Gilberto Alvernaz, da Conceição, é já habitual por opção do próprio executivo. Restavam quatro freguesias socialistas, todas elas representadas pelos respetivos presidentes.
O argumento foi no entanto repetido por deputados municipais da maioria. André Goulart, da CDU, pôs um ponto final na discussão considerando que os representantes das juntas de freguesias presentes em substituição mereciam mais respeito e estavam tão legitimados para votar como os seus presidentes.
Outro argumento sistematicamente apresentado pela maioria para “entalar” os autarcas das freguesias foi o de optarem por votar contra, o que afinal não se confirmou, um Orçamento que beneficiava as suas localidades.
No resultado final este argumento parece ter obtido validade uma vez que, de facto, cinco presidentes de junta do Partido Socialista não votaram contra o documento.