“A portos dos Açores procedeu com sucesso, na passada sexta-feira [24/12/24], à operação de reposição na posição normal nos cavaletes de suporte, de um ”yacht” que, por influência do forte vento adornou, sem no entanto ter causado prejuízo às outras embarcações varadas na sua proximidade”.
O texto reproduzido acima foi extraído de uma notícia publicada pelo semanário local Tribuna das Ilhas.
Esta notícia veio trazer à atualidade o assunto da construção do Parque de Invernagem prometido pela Portos dos Açores e há muito reclamado por políticos e forças vivas locais.
Em fevereiro de 2022, numa visita realizada ao local da futura construção, junto à Pedreira da Doca, pelo presidente da Câmara, acompanhado pelo então presidente da Portos dos Açores, Carlos Ferreira afirmava que a criação do parque “é uma ambição e necessidade antiga da ilha do Faial e que tem sido reivindicada ao longo dos últimos anos, pelos operadores portuários, pelas forças vivas da ilha e pelo tecido empresarial”.
Numa nota divulgada pela Câmara lia-se que a obra em causa vai avançar num terreno com cerca de 10.600m², com a criação de um parque que contemplará as infraestruturas necessárias ao apoio à manutenção e reparação de embarcações de recreio, garantindo, também, as necessidades de estacionamento prolongado a seco e a retirada de embarcações apreendidas ou inoperacionais que ocupam desnecessariamente lugares de marina.
O INCENTIVO contatou a Portos dos Açores no sentido de obter esclarecimentos sobre o andamento da obra.
Após três anos sobre a visita ao local, a empresa pública não deu qualquer esclarecimento. Não respondeu às perguntas do jornal e não disse por que não respondia.
A verdade é que, Parque de Invernagem, nem vê-lo.
O contato com a Portos dos Açores foi efetuado a 4 do corrente. Passados oito dias, insistimos e recebemos o compromisso da responsável pela comunicação da empresa que as respostas chegariam no dia seguinte. Não chegaram, nem as respostas, nem a justificação para a demora.
O INCENTIVO ficou entretanto a saber que se tratava de ordem “vinda de cima”. Só não sabe quem é que está em cima, se a administração, se a tutela.
Curiosamente a administração não teve tempo para responder à comunicação social mas no mesmo período de tempo, destacou um dos seus membros para receber o líder do Partido Socialista nos Açores em visita ao porto da Horta.
Entretanto, em contato com o presidente da Câmara, este adiantou ao jornal que tinha reunido com a nova presidente do conselho de administração e ela lhe tinha garantido que a obra seria para realizar este ano.
Na altura em que foi notícia a visita de Carlos Ferreira e Rui Terra ao local, a secretária regional da tutela, Berta Cabral, declarou à comunicação social que não havia dinheiro do Orçamento da Região para o Parque de Invernagem do porto da Horta. Teria que ser a empresa pública a garantir a verba do seu próprio orçamento.
Apesar das diligências levadas a cabo pelo INCENTIVO, fica-se sem saber se a obra avança efetivamente este ano, por que razão não foi já concretizada no espaço de três anos e se é o Governo Regional que vai assumir o financiamento ou a própria Portos dos Açores.
Recorde-se que o tema das obras no porto esteve na ordem do dia durante muito tempo, nos últimos anos.
Nesse período, os atuais detentores do poder, no Governo e na Câmara, então na oposição, sempre reclamaram que, não avançando as obras no mar pelas razões sobejamente conhecidas, isso não deveria impedir que avançassem as obras em terra.