Os donativos provenientes da renúncia da Quaresma na diocese de Angra, nos Açores, vão reverter este ano para o Projeto Melika, em Angola, e para um fundo de emergência para apoio aos Núcleos Caritativos das paróquias, foi hoje divulgado.
Na mensagem para a Quaresma consultada hoje pela agência Lusa na página oficial da internet da diocese de Angra, o bispo Armando Esteves Domingues refere que, este ano, serão apoiados dois projetos “em partes iguais”.
“O projeto Melika, em Matala, Angola, é promovido pelas irmãs Doroteias, já é conhecido e foi visitado por padres e jovens da nossa diocese em experiências de missão. Melika significa ‘mulher, chegou a tua hora’ e é um projeto de desenvolvimento comunitário multifacetado que pretende ajudar as crianças a terem professores locais preparados”, explica o prelado diocesano.
O bispo de Angra acrescenta que a diocese irá apoiar “a construção de quatro salas de aulas em Freixiel, cada uma com capacidade para 35 alunos e, ainda, uma sala de informática”, estando o projeto orçado no valor global de 67.328,90 euros.
A outra metade do valor dos donativos provenientes da renúncia da Quaresma nos Açores reverterá para um fundo de emergência para apoio aos Núcleos Caritativos das paróquias da diocese.
Na mensagem, Armando Esteves Domingues lembra que todos os anos os católicos da diocese são convidados a partilhar a sua renúncia Quaresmal com um projeto que seja apoiado pela diocese de Angra.
“Não é uma campanha de recolha de fundos, não é uma esmola. Neste dinheiro está o sacrifício das pessoas e também a alegria da partilha. Que seja fruto das renúncias que se vão fazendo, das poupanças numa alimentação mais pobre ou gastos supérfluos evitados, para partilhar, sempre em espírito de oração e de conversão”, vinca.
Também recorda que em 2024 a diocese açoriana apoiou dois projetos com 29 mil euros, um em São Tomé e Príncipe e outro em Cabo Verde.
Na sua mensagem, o bispo aponta que a Quaresma deste ano “inicia com desafios tão grandes que colocam toda a Igreja de joelhos diante de Deus, de quem espera o auxílio”.
“Há um mundo em guerra ou a preparar-se para ela, alterações no quadro político e social global que lançam medo onde era preciso esperança. Muitos pobres e irmãos nossos correm o risco de perder apoios de projetos humanitários suportados por ‘países ricos’, adivinhando-se problemas acrescidos como o aumento da pobreza, das doenças, do isolamento”, salienta.
O prelado diocesano dos Açores fala também dos pobres e convida “todos os homens de boa vontade das comunidades, instituições, autarquias, serviços públicos, grupos caritativos, etc., a uma dimensão sinodal no agir, isto é, de uma prioridade relacional que ouça e envolva a todos”.
“Juntos, podemos fazer, no território que partilhamos - paróquia ou freguesia -, uma leitura atenta e atualizada das pobrezas existentes para se equacionar em quê e quem pode socorrer e ser ‘dador de esperança’”, propõe Armando Esteves Domingues.
No texto da mensagem, o bispo de Angra fala ainda dos jovens e formula um desejo: “Que esta Quaresma e Jubileu seja, para nós e para as nossas comunidades, ocasião para um impulso novo, atento e sério a favor deles”.
Os católicos iniciam hoje (Quarta-Feira de Cinzas) a Quaresma, que é o período de 40 dias que antecede a Páscoa, principal festa dos cristãos, marcado por períodos de jejum e partilha, como a renúncia quaresmal, cujo produto é destinado a obras e causas sociais.