João Garcia

Construindo o Futuro da Cidade e Atraindo os Jovens para o Centro Urbano

03 de Julho de 2024


Celebrar o 191.º aniversário da elevação de Vila a Cidade é mais do que recordar o passado; é uma oportunidade para refletir sobre o presente e projetar o futuro. D. Manuel I, há 526 anos, destacou a importância da Horta ao elevá-la a Vila, data que, também, devia ser assinalada. Posteriormente, foi o Doutor António José de Ávila, mais tarde Duque de Ávila e Bolama, que conseguiu de D. Pedro IV a graça de elevar a Vila da Horta à categoria de Cidade, por alvará de 4 de julho de 1833. Parabéns à “Mui Leal Cidade da Horta”!

 

Revitalização Urbana: Recuperação e Inovação

A criação de um programa de reabilitação urbana é fundamental e imprescindível par uma intervenção articulada e devidamente programada dos espaços de utilização coletiva, infraestruturas e edificado. Este programa deve ser multifacetado, abrangendo a revitalização de espaços públicos, a reabilitação de edifícios históricos e a melhoria das infraestruturas públicas. A preservação do património cultural é crucial, mas deve ser complementada com inovações que melhorem a qualidade de vida.

A reabilitação de edifícios particulares e históricos deve ser uma área prioritária, com incentivos que promovam esta medida como um objetivo para os próximos anos. Existem muitas formas de alcançar este objetivo, e a abordagem encontrada pelas Cidades Património Mundial, como Angra do Heroísmo, pode ser adaptada e implementada para preservar a identidade histórica da cidade. Esta abordagem também pode ser adaptada para usos modernos, tornando a cidade mais atrativa para os jovens.

Um exemplo de um programa de reabilitação urbana de sucesso em Portugal é o Projeto de Reabilitação Urbana da Baixa Pombalina, em Lisboa. Este projeto envolveu a recuperação de edifícios históricos, a melhoria das infraestruturas e a revitalização de espaços públicos, preservando o património cultural enquanto introduzia inovações que melhoraram a qualidade de vida dos residentes e aumentaram a atratividade da área para visitantes e novos residentes.

 

 Participação Pública e Diálogo Comunitário

Promover um diálogo contínuo com a comunidade é essencial para garantir que as políticas urbanas atendam às necessidades dos cidadãos. A participação pública nas decisões locais deve ser incentivada através de consultas comunitárias, fóruns de discussão e plataformas digitais de feedback.

Fomentar mais reuniões dos Conselhos dos Jovens, onde estes possam expressar as suas opiniões e influenciar diretamente as políticas urbanas, pode fortalecer o vínculo entre a cidade e os seus habitantes. Esta prática promove a sensação de pertença e de participação, garantindo, igualmente, que as necessidades e as suas aspirações são consideradas no planeamento urbano.

 

Criação de Emprego

A criação de uma economia estável é essencial para atrair e fixar os jovens licenciados e garantir o desenvolvimento sustentável da ilha. A dependência excessiva do setor dos serviços limita o potencial de crescimento e inovação. Precisamos investir na criação de capacidade motora, promovendo setores como a indústria, tecnologia e agricultura e a pesca sustentável, que possam oferecer empregos qualificados e duradouros.

A Cidade da Horta, especificamente, tem adiado estas questões. É urgente que políticas e estímulos económicos sejam direcionados para a diversificação da economia, valorizando os recursos locais e incentivando a inovação. A formação de um ambiente propício ao empreendedorismo e a implementação de infraestruturas adequadas são passos fundamentais para garantir que os jovens vejam na ilha um futuro promissor, contribuindo assim para o desenvolvimento socioeconómico da região.

Não podemos continuar a olhar para o lado. É necessário agir agora para construir uma base económica sólida, que ofereça oportunidades reais aos nossos jovens e promova o progresso da nossa ilha de forma sustentável e inclusiva.

 

Mobilidade e Sustentabilidade

A mobilidade e a sustentabilidade são questões cruciais nos tempos que correm. Para atrair investimento, é imperativo garantir uma mobilidade aérea e marítima atrativa e fiável, algo que atualmente não se verifica. A SATA não serve os interesses da ilha do Faial, e as crescentes incertezas sobre as Obrigações de Serviço Público, a privatização da companhia e a falta de compromisso da ANA em relação ao aeroporto, aliadas ao retrocesso do transporte marítimo de mercadorias e passageiros, não criam condições favoráveis para quem quer investir no Faial. É vital ultrapassar estes constrangimentos para construir uma base económica sólida, que garanta segurança a quem quer investir e que ofereça oportunidades reais de progresso.

 

Cidade-Mar

 A Horta deve refletir sobre o seu futuro como Cidade-Mar e capital do iatismo. Estamos no caminho certo? A cidade tem potencial para se consolidar como um centro de atividades náuticas, atraindo entusiastas de todo o mundo. No entanto, é crucial considerar outras questões importantes: estamos preparados para oferecer as infraestruturas necessárias para suportar esse crescimento? O que estamos efetivamente a fazer para que esta seja mesmo a Cidade-Mar? Qual é a estratégia definida para a próxima década? Não podemos ser Cidade-Mar e ter o maior Clube Náutico dos Açores com instalações inadequadas, nem podemos ser Cidade-Mar sem gerar economia.

Para que a Horta realmente se afirme como uma Cidade-Mar, é essencial adotar uma abordagem que integre o mar, nas suas múltiplas dimensões, na vida local. Ora, isso envolve a criação e manutenção de infraestruturas modernas e eficientes, como uma marina bem equipada, o que não acontece, que disponha de serviços de reparação e manutenção de embarcações, e instalações para eventos internacionais de iatismo. A sustentabilidade ambiental deve ser uma prioridade, promovendo práticas que protejam o ecossistema marinho e incentivem a pesca sustentável e o turismo ecológico.

As políticas para o mar devem ser claras e ambiciosas, garantindo o crescimento, não só em termos de infraestruturas, mas também no que respeita à gestão costeira responsável, assumindo-se como exemplo neste domínio. É necessário desenvolver programas educativos e de formação profissional ligados às atividades marítimas, garantindo que a população local esteja preparada para as oportunidades económicas que o mar pode proporcionar. Temos de desenvolver um programa para as escolas assente nos desportos náuticos.

Importa abrir caminhos para o mar e não os fechar!

Para além disso, a captação de regatas internacionais é fundamental para colocar a Horta no mapa global do iatismo. Isso exige não só instalações de alta qualidade, mas também uma logística eficiente e uma estratégia de marketing robusta para atrair eventos de prestígio.

Em suma, para que a Horta se afirme como Cidade-Mar como já referido, deve haver um compromisso coletivo e estratégico que envolva a comunidade, o governo, o município e os investidores, sempre com um olhar atento à sustentabilidade e à inovação.

 

Conclusão

Garantir o futuro da cidade passa por atrair os jovens a se fixarem na ilha, dando condições e potenciando a sua capacidade inovadora e a sua predisposição para desafiar o status quo.

Garantir o futuro da cidade exige um esforço coordenado de quem nos governa, local e regionalmente, com aqueles que são ensejos dos faialenses, assentes numa visão clara, estratégica e transparente.

Daí, a revitalização urbana, a criação de novos espaços públicos, a promoção de mobilidade sustentável, o incentivo à participação pública e a oferta de oportunidades educacionais e de emprego, assumirem-se como pilares fundamentais para transformar o centro urbano num local atraente e dinâmico e garantir o futuro da cidade.

Ao celebrar o seu 191.º aniversário, os faialenses devem olhar para o futuro com esperança e determinação, assegurando que os jovens são parte integrante desse processo de transformação. Afinal, são eles que continuarão a construir a história da cidade e desta ilha nos próximos anos

Celebrar o 191.º aniversário da elevação de Vila a Cidade é mais do que recordar o passado; é uma oportunidade para refletir sobre o presente e projetar o futuro. D. Manuel I, há 526 anos, destacou a importância da Horta ao elevá-la a Vila, data que, também, devia ser assinalada. Posteriormente, foi o Doutor António Jos&e…





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