João Garcia

Portas com Histórias

06 de Setembro de 2024


As cidades, quando preservadas e cuidadas, são tesouros vivos, guardiãs das narrativas do passado, refletidas nas estruturas arquitetónicas que moldam a sua paisagem urbana. Em todas as cidades, encontramos elementos comuns: as portas, as janelas e as varandas. Estes não são apenas componentes físicos, mas testemunhas de épocas passadas, portadores da identidade e cultura de uma comunidade. No entanto, à medida que o tempo avança, enfrentamos o desafio da preservação desses elementos, muitas vezes substituídos por materiais modernos, como o alumínio, que já descaracterizaram muito na nossa zona histórica e não só.

Os passeios de calçada emoldurados por casas, com portas de madeira maciça, janelas e varandas de madeira ou ferro forjado, onde também sobressaem os puxadores foi assim na nossa Cidade. Cada elemento arquitetónico contava uma história, revelando as influências culturais e estilísticas que moldaram as diferentes épocas.

No entanto, à medida que a modernização avançou, assistimos à substituição desses elementos históricos por materiais contemporâneos. Embora possam oferecer vantagens em termos de durabilidade e facilidade de manutenção, a sua introdução nas áreas históricas compromete a autenticidade e o encanto da nossa terra.

A modernidade, longe de ser uma força destrutiva, deve ser vista como uma oportunidade para honrar e preservar o passado. A ideia de que o progresso só se alcança através da destruição do que veio antes é profundamente errada e perigosa. A nossa herança histórica e patrimonial, especialmente em lugares como a ilha do Faial, é um elo vital que liga o presente ao passado, oferecendo lições inestimáveis e um sentido de identidade que molda o nosso futuro. Cada vez que destruímos um pedaço desse património, apagamos uma parte da nossa história coletiva e comprometemos a nossa capacidade de entender quem somos e para onde queremos ir. Assim, é crucial que iniciemos um novo ciclo, um que valorize e proteja o nosso legado, garantindo que o progresso e a modernidade caminhem de mãos dadas com a preservação e o respeito pelo passado.

A preservação das portas, janelas e varandas históricas é crucial por várias razões. Primeiramente, elas são testemunhas tangíveis da história e da evolução da comunidade ao longo do tempo. Cada entalhe na madeira, cada detalhe ornamentado, carrega consigo uma parte da história local, desde os primeiros colonizadores até aos dias atuais. Ao substituir esses elementos, perdemos não apenas a sua beleza estética, mas também uma parte valiosa da herança cultural que nos foi deixada.

Além disso, a preservação desses elementos é essencial para manter a coesão visual e o caráter distintivo dos centros históricos. São as portas, as janelas e as varandas com histórias, que contribuem significativamente para a identidade visual de uma cidade, criando uma atmosfera única e convidativa para residentes e visitantes. A substituição indiscriminada por materiais modernos resulta na descaracterização dessas áreas.

Por fim, a preservação das características arquitetónicas históricas está intrinsecamente ligada à sustentabilidade cultural e económica de uma comunidade. As cidades históricas têm um potencial único para o turismo cultural, atraindo visitantes interessados na história, arquitetura e tradições locais. A conservação das portas, janelas e varandas contribui para manter esse apelo e gerando um turismo que nos interessa, criando empregos e oportunidades.

Diante desse contexto, é imperativo adotar medidas proativas para proteger e preservar as características arquitetónicas históricas da cidade da Horta e da ilha do Faial. Isto deve incluir a implementação de políticas de conservação, incentivos financeiros e fiscais para a restauração de edifícios históricos e programas de conscientização pública sobre a importância da preservação do património cultural.

Em suma, as portas, janelas e varandas não são apenas elementos arquitetónicos, mas símbolos de identidade e história de uma comunidade. A sua preservação é essencial para manter viva a alma das cidades históricas e garantir que as gerações futuras possam apreciar e aprender com o passado. Ao valorizarmos e protegermos esses elementos, estamos a investir no legado cultural e na sustentabilidade das nossas cidades.

As cidades, quando preservadas e cuidadas, são tesouros vivos, guardiãs das narrativas do passado, refletidas nas estruturas arquitetónicas que moldam a sua paisagem urbana. Em todas as cidades, encontramos elementos comuns: as portas, as janelas e as varandas. Estes não são apenas componentes físicos, mas testemunhas de épocas passadas, portador…





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