Temporada Náutica

Com a chegada do Outono, é possível fazer um balanço extremamente positivo da atividade no nosso Porto entre os meses de março e outubro. A Marina da Horta registou um número superior de iates em comparação com os últimos anos, evidenciando o crescimento desta infraestrutura. A época desportiva foi igualmente marcante, com diversas atividades náuticas promovidas pelo Clube Naval da Horta. A Regata Internacional Les Sables/Horta/Les Sables destacou-se como um grande sucesso. As campanhas oceanográficas do Instituto Okeanos trouxeram-nos novas descobertas científicas e valiosos conhecimentos.

Este ano também foi excecional para a observação de cetáceos, consolidando a ilha do Faial como um destino de excelência para esta atividade. Além disso, o Faial reforçou a sua posição como Capital do Big Game Fishing, onde foi estabelecido um novo recorde. Esta atividade prolonga significativamente a época alta e atrai um segmento do mercado turístico de elevado interesse. Cabe-nos agora saber potencializar esta atividade, regular, para que a pesca desportiva “pescar e soltar”, não ganhe rótulos e conexões negativas.

Empreitadas em Curso

Os faialenses acompanham com satisfação o progresso de várias obras fundamentais para o desenvolvimento da ilha. A Variante à Cidade da Horta, uma infraestrutura há muito esperada, está finalmente em fase de execução, representando um marco importante na melhoria da mobilidade urbana. Da mesma forma, a empreitada do “Bloco A” do Hospital da Horta avança a bom ritmo, trazendo não só a expectativa de melhores condições de saúde para a comunidade, mas também a possibilidade de, finalmente, o hospital poder dispor de um equipamento de ressonância magnética, tão necessário e há muito aguardado.

Assinala-se ainda o progresso significativo na construção do “Tecnopolo – MARTEC”, nas antigas instalações da fábrica do peixe, na Freguesia das Angústias. No entanto, permanecem expectativas sobre o que será concretamente instalado naquele espaço, já que as informações divulgadas nos últimos anos têm sido contraditórias, escassas e carecem de maior transparência e acessibilidade ao público e geral.

Câmara Hiperbárica

É com enorme satisfação que recebemos a notícia de que a câmara hiperbárica do Hospital da Horta já se encontra em pleno funcionamento, após uma revisão que há muito se impunha. Este equipamento representa uma mais-valia significativa, não apenas para o tratamento de várias patologias, mas também para garantir a segurança de todos os praticantes de mergulho, atividade com forte crescimento no Faial. A presença de uma câmara hiperbárica na ilha é essencial para o tratamento rápido e eficaz de acidentes de descompressão, reforçando a segurança nas atividades subaquáticas.

Além disso, a existência de um hospital, como o da Horta, bem equipado e com capacidade de resposta a emergências, é crucial numa ilha. Oferece tranquilidade tanto aos residentes como aos visitantes, sendo um factor determinante na escolha da ilha como destino turístico, especialmente para quem pratica desportos de aventura, como o mergulho. Mais do que isso, a confiança num hospital bem apetrechado pode ser decisiva para quem considera a fixação de residência na ilha do Faial. A câmara hiperbárica, juntamente com as restantes infraestruturas de saúde, contribui diretamente para a qualidade de vida, bem como para a atração de novos residentes e turistas, posicionando o Faial como um destino seguro e preparado para responder às mais diversas necessidades médicas.

Os meros (Epinephelus marginatus)

Este é um dos peixes mais vulneráveis do nosso ecossistema marinho. No final deste verão, nas ilhas das Flores, do Corvo e no Triângulo, foram encontradas bolsas de exemplares visivelmente doentes, além de outros já mortos. Este cenário é alarmante e sem precedentes para pescadores e observadores veteranos, com mais de 40 anos de experiência no mar ou ao longo da costa. As interpretações dos resultados das análises realizadas a amostras recolhidas apontam, como provável e principal causa para esta situação, o aquecimento das águas do mar. Este quadro é, aliás, semelhante ao que já foi observado com a mesma espécie em Espanha e na França.

Em ambos os países, as alterações climáticas, em particular o aumento da temperatura das águas, têm sido apontadas como um fator determinante, criando um ambiente propício à propagação de um vírus específico, que encontra nas águas quentes condições ideais de disseminação. Este ano, as temperaturas atingiram níveis anormalmente elevados na nossa região, o que pode ter contribuído para esta situação. Além disso, já fomos afetados pela invasão de algas exóticas, como a Caulerpa cylindracea e a Rugulopteryx okamurae. Se para a primeira foi implementado, já há alguns anos, na ilha do Faial, um programa de combate, para a segunda não são conhecidos resultados que permitam saber se é possível sua utilização ou não, bem como os impactos que a mesma tem na fauna marinha nas costas dos Açores.

Este cenário levanta sérias preocupações, especialmente quando o aumento da atividade de aquacultura está a ser considerado nos Açores. A aquicultura tem causado problemas graves em outras regiões, como em Espanha e França, onde foi inovadora, mas que agora enfrenta desafios ambientais enormes: como a poluição das águas, a propagação de doenças e a redução da biodiversidade. É urgente refletir sobre o impacto cumulativo destas práticas numa zona ecologicamente tão sensível.

Além disso, deveria ser considerada uma proibição à pesca do mero nos Açores por um período alargado, situação que já deveria ter acontecido há muito anos. Tal iniciativa poderia permitir a recuperação da população de meros, que foi consideravelmente afetada, contribuindo para a preservação desta espécie de grande simbolismo para os Açores.