A Câmara Municipal da Horta decidiu alterar o nome de duas ruas, uma na Feteira e outra na Praia do Almoxarife.
Não se sabe de quem foi a ideia. Admito que tenha partido das Juntas de Freguesia respetivas. Também não importa, para o caso, o nome dos escolhidos que vão passar a figurar nas placas.
É curioso que foram atribuídos os novos nomes, mas a Câmara decidiu, por unanimidade, manter entre parêntesis nas placas os nomes anteriores.
A reflexão que trago hoje a esta coluna baseia-se em duas posições que vou tentar explanar.
Começo pela alteração dos nomes. Gostava de saber o que é que tinham os nomes anteriores para não merecerem continuar a titular as ruas. Por que razão não continuam?
Julgo que quando se retira o nome a uma rua deve haver um motivo. Não o conheço, e acho que ninguém conhece, mesmo o executivo da Câmara, porque não foi divulgado. A única coisa que se sabe é que o assunto foi discutido na Comissão Municipal de Toponímia.
Esta Comissão parece trabalhar na clandestinidade. Não são conhecidos os seus membros e as atas estão fechadas a sete chaves. Portanto, mais nada se pode saber.
Ainda sobre a substituição dos nomes, também era interessante e útil perceber os motivos das escolhas. Quer dizer, porquê aqueles nomes e não outros? Espero que os leitores compreendam que não estão em causa os méritos das figuras escolhidas. Pelo menos da minha parte.
Mas o que mais me impressiona neste processo, e é o segundo aspeto que quero aflorar, é não encontrar razão para as placas continuarem a ostentar os nomes anteriores, como referi acima, “entre parêntesis”.
Se era para manter os nomes, então por que é que se muda?
Entendo, sabendo muito pouco de toponímia, que os nomes atribuídos a ruas não devem ser mudados. As escolhas correspondem ao momento em que são feitas. Eliminá-las ou despromovê-las é uma facada na História.
Poderão dizer-me que os dois casos em apreço, a Travessa do Algar na Feteira e a Rua do Rebentão na Praia do Almoxarife, não tinham nomes de pessoas. Mas se o critério é esse, então a Câmara devia explicá-lo.
Eu não concordo porque os nomes de ruas, de lugares e até a expressão oral com que são designados pelos locais, merecem ser mantidos.
Para além disso são designações, muitas delas criadas pelo povo que devem, em qualquer circunstância, ser respeitadas. Quem não o faz branqueia a riqueza cultural e social de uma comunidade.
A solução de manter os antigos nomes nas placas, para além de não ter sentido, cria um problema para o futuro.
Veja-se um caso bem recente na nossa cidade. Com pouco mais de seis décadas a Avenida já mudou de nome três vezes: Arantes e Oliveira, 25 de Abril, Diogo de Teive e outra vez 25 de Abril, designação que mantém. Três vezes, por enquanto, pois na douta equipa que gere a nossa Câmara há já quem defenda, no afã habitual de mostrar trabalho, que aquela artéria deveria passar a chamar-se Avenida da República.
Quanto à manutenção das designações nas placas quando as ruas mudam de nome, talvez os nossos autarcas estejam a pensar em construir placas maiores para caberem os nomes todos.
Se a Câmara quer homenagear cidadãos, atribua os seus nomes aos novos arruamentos e deixe a História em paz.