É com frustração crescente que os órgãos sociais, os sócios e os atletas do Clube Naval da Horta assistem ao prolongado e injustificável desprezo das entidades públicas pelo justo apelo da instituição. Fundado em 1947, com uma rica história de contribuição para o desporto náutico e o turismo nos Açores, o Clube Naval da Horta não é apenas um espaço de lazer e formação, mas um pilar essencial da identidade faialense e açoriana. No entanto, as condições precárias da sua sede ameaçam comprometer a continuidade deste trabalho notável.
Em 2022, o Clube celebrou 75 anos de existência e dedicação à comunidade. Durante essas décadas, enfrentou inúmeras mudanças e obstáculos, incluindo a saída forçada do Castelo de Santa Cruz em 1968. Agora, a sede situada junto à marina da Horta – vital para a mobilização de praticantes e para a visibilidade internacional do Clube – apresenta uma degradação estrutural evidente. As infiltrações, a falta de espaço adequado para armazenamento e os problemas de segurança compõem uma situação que reflete o descaso do Governo Regional dos Açores, proprietário do edifício.
Foram realizadas reuniões, promessas foram feitas, e nada mudou. Mesmo após o apoio da população e a mobilização de mais de 700 signatários em petição, as entidades competentes continuam a ignorar as necessidades urgentes do Clube. Em vez de agir com a seriedade que o caso exige, as autoridades desviam o olhar, tratando o assunto com uma passividade inaceitável.
O Clube Naval da Horta é uma referência não só local, mas também internacional. Organizador da "Semana do Mar", de regatas prestigiadas como a "Atlantis Cup" e participante assíduo em feiras internacionais, o Clube eleva a imagem da Horta e dos Açores. Além disso, é um centro de formação para centenas de jovens e adultos em diversas modalidades náuticas. Este impacto positivo requer uma infraestrutura à altura. Mantê-lo em instalações inadequadas e obsoletas é um desrespeito a todos os que contribuem e participam nestas atividades.
A indiferença das autoridades regionais é um triste reflexo do quanto a cultura náutica e as demandas populares são vistas como secundárias. As petições são assinadas e debatidas, mas acabam guardadas em gavetas, distantes das prioridades governamentais, servindo apenas como um simulacro de democracia que pouco beneficia aqueles que a defendem.
A população do Faial deve começar a exigir uma postura mais rigorosa e menos tolerante face às promessas não cumpridas. Inércia das Autoridades Versus a Resiliência do Clube Naval da Horta: esta expressão ilustra bem o atual impasse, onde a resistência e determinação do Clube contrastam com a apatia de quem deveria apoiar. É tempo de abandonar a passividade e cobrar efetivamente das entidades responsáveis a execução das melhorias necessárias. A continuação do silêncio apenas legitima o desinteresse por um dos símbolos mais valiosos da região. É fundamental que as promessas feitas não permaneçam no papel, mas se convertam em ações concretas que respeitem e valorizem o papel do Clube Naval da Horta para os Açores e para a cultura náutica local.