Carlos Faria

Muito investimento para o Faial, mas...

02 de Dezembro de 2024


Na passada semana foi finalmente aprovado na Assembleia Legislativa Regional o Plano e Orçamento dos Açores para o ano de 2025 e na Assembleia da República o Orçamento de Estado para o mesmo período, enquanto na Madeira paira a incerteza sobre este tipo de documentos.

Efetivamente, o orçamento de 2025 dos Açores tem inscrito para o Faial obras no valor de mais de 99 milhões de euros de investimento, sendo a maior a respeitante ao Tecnopolo MARTEC com mais de 28 milhões, seguindo-se a segunda fase da variante com mais de 6 milhões, ficando no pódio, ainda, a Ampliação e reabilitação do Hospital da Horta com mais 5,5 milhões.

Além dos investimentos do pódio, são numerosas as obras inscritas para o Faial: o edifício de apoio à Marina, o Centro de Atividades Ocupacionais e Lar Residencial da Santa Casa, a conclusão do Edifício Intergeracional da Feteira, a conclusão da intervenção na Escola Secundária Manuel de Arriaga, o Estudo Prévio para a Estrutura Residencial para Pessoas Idosas nas Angústias, a Proteção do Reduto da Patrulha e do Castelo de São Sebastião, a Ampliação do Centro de Dia da Conceição, o Lançamento da Empreitada da Trinity House, a Reabilitação do Edifício da UMAR, a Construção do Centro de Convívio de Castelo Branco, a Proteção Costeira da rua da Areia na Praia do Almoxarife, a adaptação das Antigas Instalações do Centro de Saúde e a Consolidação do Talude da ribeira da Conceição, entre algumas outras obras e investimentos.

Estranhamente, a aprovação dos orçamentos para 2025 dos governos da Aliança Democrática no Continente e nos Açores foi possível com opções em sentido contrário e perspetivas futuras diferente nos dois Parlamentos. Em Lisboa, houve uma negociação preferencial ao centro com o Primeiro-ministro a negociar diretamente com o líder do PS à sua esquerda em que este já deu a entender que é algo para não mais se repetir nesta legislatura. Nos Açores, a viabilização fez-se com o apoio da extrema-direita e não ouvi um jamais repetir vindo deste partido.

Pessoalmente, sendo eu uma pessoa ideologicamente de centro, tenho preferências pelo entendimento entre forças políticas moderadas, pois temo que quando estas se tornam incapazes de ultrapassar as suas normais divergências e ambições estratégicas partidárias para estabelecer acordos de gestão e planeamento estão a abrir a porta aos radicalismos. Uma realidade mais grave ainda nos tempos que correm: uma época em que os populismos e extremismos estão a ser aproveitados para fragilizar a tolerância, a democracia e, há que assumi-lo, a própria civilização ocidental que se foi fortalecendo ao longo da segunda metade do século XX e criou então condições de bem-estar nas classes médias das suas populações que desde então só se tem vindo a degradar.

Assim, apesar do caminho trilhado na Região, tendo em conta tudo o que está previsto para o Faial, congratulo-me com a aprovação do plano e orçamento dos Açores de 2025. É verdade que este não contempla todas as necessidade e pretensões dos Faialenses, mas também não conheço em nenhum regime democrático que consiga num documento deste tipo contentar tudo e todos. Apenas nos regimes musculados e totalitários é que deixa de haver manifestações públicas de descontentamento e pluralismo reivindicativo.

Se é verdade que em democracia se pode reivindicar tudo, também o é que não se pode fazer tudo em simultâneo. Por isso, há que tomar opções, há que deixar coisas de fora e quando se opta é se alvo de críticas e logo há quem denuncia que este ou aquele investimento não está incluído e até há, como aconteceu na passada semana, entidades desta ilha que votaram contra os documentos com mais de 99 milhões de euros para o Faial e hipocritamente criticam quem aprovou um bolo deste tamanho, só porque reconheceu que já não era possível adicionar mais obras e teve de rejeitar outras propostas adicionais.

Apesar de contente com o muito previsto para o Faial, não me posso esquecer que ao longo de vários anos esta ilha foi prejudicada por taxas de execução dos investimentos inscritos nos orçamentos para esta terra muito inferiores à taxa executada noutras parcelas do Arquipélago. Por isso contente, mas recomendo vigilância, para que não tenhamos de lamentar em 2026 tudo o que ficou para trás do orçamento de 2025 numa discriminação negativa em prejuízo do Faial. 

Na passada semana foi finalmente aprovado na Assembleia Legislativa Regional o Plano e Orçamento dos Açores para o ano de 2025 e na Assembleia da República o Orçamento de Estado para o mesmo período, enquanto na Madeira paira a incerteza sobre este tipo de documentos.

Efetivamente, o orçamento de 2025 dos Açores tem inscrito para o Faial …





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