Em outubro passado escrevi sobre as próximas eleições autárquicas. Era cedo para falar de nomes de candidatos.
Hoje não é cedo, não só porque na comunicação social já começaram a surgir nomes, mas também porque os partidos fervilham internamente, nalguns concelhos, já em ambiente de escolhas.
Interessam-me, no caso, as movimentações que vão evoluindo no nosso concelho.
O PSD está, passados muitos anos, completamente tranquilo quanto ao candidato a apresentar à Câmara Municipal. Será, com toda a naturalidade, Carlos Ferreira, do qual se percebe a intenção de manter a equipa.
Entretanto o Partido vai eleger este mês a sua direção local, processo já praticamente decidido quanto ao líder a apresentar-se à votação dos militantes.
Ninguém estranhará que o escolhido venha a ser exatamente Carlos Ferreira, sobretudo pela importância política e eleitoral que detém. E também porque a aproximação às eleições dar-lhe-á poder para convencer possíveis candidatos nas freguesias mais difíceis, sendo ele o primeiro na hierarquia das listas.
A não ser que algum intruso, que ande por lá à espreita de um lugar ao sol, queira tentar anular a influência de Luís Garcia, que se assumiu no último congresso do PSD como o real chefe do Faial. Veritas odium parit (a verdade gera o ódio).
Posta a questão do PSD, que muito provavelmente voltará a concorrer em coligação com o subpartido de inspiração monárquica e com o quase ex-CDS, resta saber o que vai fazer o Partido Socialista.
Ao contrário do PSD, o PS não está no poder, nem na Câmara nem no Governo e não vai enfrentar, no Faial, o processo eleitoral para escolher nova estrutura de ilha.
Sendo escassos os nomes que o Partido tem à sua disposição para recrutar como candidatos à Câmara, principalmente pela razão atrás exposta, o seu secretário coordenador, João Bettencourt, está na boca do lobo.
Sem desprimor para o próprio, ou para qualquer outro militante ou simpatizante socialista, será sempre muito difícil levar o PS, para o ano, à vitória eleitoral.
Havendo um nome que desejasse posicionar-se para suceder a Carlos Ferreira, e esse nome bem poderia ser o de Lúcio Rodrigues, o problema estaria resolvido. Mas não há. Não creio que o deputado, eleito pelo Faial por pouco mais de uma mão cheia de votos, arrisque uma derrota pesada. Nessa medida, alguém vai ter que salvar a honra do convento. Não estarei muito enganado se disser que a “vítima” vai ser mesmo João Bettencourt.
Os partidos ainda têm pela frente a busca de soluções a apresentar em várias freguesias.
Nesta análise que venho fazendo, que é mais de La Palice do que propriamente minha, os sinais mais evidentes estão nos Cedros, para o PSD, em Castelo Branco, para o PS, e por razões diferentes noutras freguesias que ainda não se descoseram.
Quanto aos Cedros, o problema maior põe-se ao PSD porque é quem lidera a Junta. Victor Vargas, a concluir o terceiro mandato, não pode voltar a concorrer e os companheiros que o acompanham não se mostram disponíveis. Em Castelo Branco o caso é com o PS. Victor Pimentel também se encontra no fim da linha e não está fácil para desencantar o sucessor.
Dei apenas dois exemplos, um de cada partido.
Voltando à candidatura à Câmara, não se lê nos astros que alguém venha baralhar, com expressão, a escolha que os faialenses vão ter que fazer.
Exceção feita a Paula Decq Mota que já obteve resultados assinaláveis, quer no concelho quer, mais recentemente, no círculo de compensação regional, pelo que o seu partido não terá razões que desaconselhem a sua candidatura à Câmara pela CDU.
A menos de um ano das eleições, Câmara e Juntas já mexem.