João Garcia

Uma boa decisão

13 de Janeiro de 2025


O Governo Regional dos Açores decidiu regularizar os oito imóveis do parque habitacional da ilha do Faial, construídos para realojar famílias afetadas pelo terramoto de 1998. Essas habitações estavam oneradas com hipotecas a favor de uma instituição bancária, o que colocava as famílias em risco de despejo, num investimento de 400 mil euros.

A decisão é um claro exemplo de responsabilidade e compromisso social. Ao corrigir uma falha do passado e proteger o direito à habitação das famílias afetadas, o governo demonstra uma postura de justiça e sensibilidade perante as dificuldades enfrentadas.

Infelizmente, como ocorreu durante o sismo de 1980 na ilha Terceira, agora também, em pleno ano eleitoral, não faltam tentativas de aproveitamento político. O que seria de evitar, pois mais vale cada qual tirar as suas conclusões do que competir para ver quem resolveu primeiro.

 

Estradas

As estradas continuam a ser um tema recorrente, mas com poucas soluções práticas. A cada inverno, a situação piora, com vias cheias de buracos e remendos mal feitos ou inacabados e quando chove as estradas são autênticas ribeiras, tornando a circulação cada vez mais difícil e perigosa. A ilha, com as piores estradas dos Açores, sofre com a falta de investimentos que resolvam o problema de forma eficaz.

A ironia é que, em vez de soluções duradouras, o que cresce nas estradas são mais buracos e acentua-se a falta de escoamento. Enquanto isso, as promessas de resolução ficam sempre para amanhã, e os condutores continuam a enfrentar o caos, com a sensação de que o verdadeiro conserto da viatura está sempre perto, mas o das estradas está sempre distante.

 

Ensino Superior de Volta ao Faial

A recente aprovação da reformulação da Licenciatura em Ciências dos Oceanos pela Universidade dos Açores representa um marco significativo para o Faial, pois simboliza o regresso do ensino superior à ilha, após o desaparecimento do Magistério Primário. Agora, os estudantes poderão iniciar o curso em Ponta Delgada e, posteriormente, completar os 2.º e 3.º anos no Polo da Horta, numa abordagem que fortalece a presença da Universidade na nossa ilha.

Esta decisão é fruto de uma colaboração estratégica entre a Universidade dos Açores e a Câmara Municipal da Horta, que têm vindo a trabalhar em conjunto para criar condições adequadas ao desenvolvimento académico na ilha. A reformulação da licenciatura é um reflexo dos esforços para reforçar as infraestruturas, os equipamentos e os recursos humanos no Polo da Horta, permitindo oferecer uma formação de qualidade e adaptada às necessidades regionais, com um foco especial nas Ciências dos Oceanos, uma área tão relevante para os Açores.

 

Guias Práticos dos Açores

O Instituto Açoriano de Cultura merece todo o reconhecimento pela sua dinâmica e iniciativa ao promover o conhecimento sobre a riqueza natural dos Açores, não apenas junto dos açorianos, mas também de todos os apaixonados pela natureza.

A coleção Guias Práticos dos Açores é um testemunho notável da dedicação em divulgar a biodiversidade das nove ilhas, oferecendo uma visão abrangente e acessível do nosso património natural.

Composta por quatro volumes, esta coleção celebra a variedade e a beleza do arquipélago. O primeiro volume, focado na fauna terrestre, teve uma receção tão entusiástica que a sua primeira edição (2019) esgotou, levando ao lançamento de uma segunda edição revista e ampliada em 2023. O segundo volume, dedicado à flora terrestre, também alcançou grande sucesso com a sua primeira edição em 2022, e já se espera uma versão revista em 2024.

A terceira edição, publicada em 2023, mergulha na geodiversidade açoriana, enquanto o mais recente lançamento, a quarta edição, brilha ao explorar a fauna e flora marinha do arquipélago.

Com esta iniciativa, o Instituto Açoriano de Cultura revela uma extraordinária capacidade de valorizar e tornar acessível o tesouro natural dos Açores, incentivando um olhar mais atento e respeitoso sobre o ambiente.

 

Desafios do Crescimento

Os dados de 2024 confirmam o que muitos já sentem: o Faial está a estagnar. Apesar de um aumento anual discreto de 2,9% nos desembarques aéreos, a ilha apresentou uma quebra de 9,6% em dezembro, um mês que deveria e podia contrariar a sazonalidade. Este desempenho sugere que algo mais profundo está a limitar o crescimento sustentado do turismo e da economia local.

A análise não pode ser feita apenas com base nos números de passageiros. É preciso cruzar esta informação com outras variáveis, como o número de camas disponíveis ou a oferta de serviços turísticos e culturais. Apesar de ser um destino de excelência, o Faial carece de estratégias que aumentem a sua capacidade de retenção de turistas e combatam a perceção de uma sazonalidade cada vez mais acentuada.

Os responsáveis precisam de refletir sobre estas questões. O aumento das opções de alojamento, a diversificação da oferta e o investimento em experiências únicas são passos cruciais. Sem estas mudanças, o Faial arrisca-se a ficar para trás num arquipélago que, como um todo, bate recordes ano após ano.

 

Faial como um todo

No dia a dia, é natural que nos concentremos nas questões que dominam o debate na Cidade da Horta. Afinal, enquanto centro administrativo e económico do Faial, a cidade muitas vezes polariza atenções e esforços. No entanto, ao fazermos isso, corremos o risco de negligenciar as dez freguesias rurais que enriquecem e completam a nossa ilha.

Tendemos a focar-nos nas grandes obras e projetos emblemáticos, mas esquecemo-nos das pequenas mudanças que podem transformar a qualidade de vida das populações. Melhorias nos acessos, condições habitacionais, transportes, rede viária e serviços básicos são exemplos de questões essenciais que muitas vezes ficam à margem do debate público. Pensar o Faial como um todo implica olhar para estas necessidades com a mesma atenção que damos às iniciativas mais visíveis e impactantes.

Todas as semanas, algo de significativo acontece nas freguesias do Faial. Desde eventos culturais que mantêm vivas as nossas tradições até problemas que exigem soluções urgentes, há uma dinâmica única que merece ser reconhecida. A verdadeira força da nossa ilha está na diversidade das suas gentes e no potencial que cada localidade tem para contribuir para o progresso coletivo.

O Governo Regional dos Açores decidiu regularizar os oito imóveis do parque habitacional da ilha do Faial, construídos para realojar famílias afetadas pelo terramoto de 1998. Essas habitações estavam oneradas com hipotecas a favor de uma instituição bancária, o que colocava as famílias em risco de despejo, num investimento de…





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