Apesar de estar a ver serem executadas no Faial obras importantes pelo Governo dos Açores: como a segunda fase da Variante, as obras atuais no Hospital da Horta e o grande investimento do tecnopolo MARTEC, entre outras; não tenho complexo em assumir que existem, também, várias outras antigas reivindicações estruturais para esta ilha que não parecem estar a ter a atenção merecida por parte do mesmo executivo regional.
Mesmo tendo em conta que mais vale não fazer algo que possa comprometer o futuro do que fazer mal, o não tentar procurar soluções é igualmente muito mau e não pode servir de desculpa para a inércia.
Se é verdade que o encolhimento da baía norte do porto da Horta, feito no tempo rosa e ao arrepio do prometido publicamente pelo mesmo executivo regional, veio gerar problemas de difícil resolução no ordenamento da baía sul que os próprios culpados foram incapazes de ultrapassar nas suas duas propostas de projeto para ordenar o espaço meridional do porto, ao menos dou-lhes o mérito de terem tentado apresentar soluções e tenho de reconhecer que no atual ciclo laranja não vi qualquer tentativa para se resolver este problema e, como se deduz do que acima disse: é uma inércia que não tem desculpa!
Igualmente, não é compreensível que depois de se ter anunciado o projeto do parque de invernagem e se ter dado como garantido a ultrapassagem dos constrangimentos financeiros para o seu lançamento, desde então, passado mais de 2 anos, não se tenha avançado minimamente no sentido da sua concretização.
Também, é estranho que logo a seguir ao conhecimento público do crescimento homólogo mais significativo do número de passageiros de todos os aeroportos dos Açores, ocorrido precisamente no da Horta em janeiro de 2025, surjam boatos da redução face ao ano anterior do número de ligações semanais diretas entre Lisboa e esta infraestrutura pela Azores Airlines, sabendo-se que a reivindicação para 14 voos semanais vem desde o tempo em que a TAP deixou de operar nesta ilha, tendo-se, desde então, assistido ao estrangulamento desta rota, que se iniciou no ciclo político anterior e tem continuado com o atual.
Se no ciclo político anterior parecia existir uma autocensura do Poder Local Faialense e dos representantes do partido rosa na ilha para denunciar estas situações, agora existe liberdade para mostrar esse descontentamento, mas, confesso, não está a ser suficiente para conseguir ser-se totalmente eficaz.
Verdade que é mais fácil iniciar-se o declínio de uma terra por falta de ação dos seus representantes no seu papel reivindicativo (como o que se vinha a verificar desde o início do século XXI) do que reverter a situação depois de instalada a inércia da estagnação, mesmo que os representantes do poder no Faial tenham agora mudado de atitude, como se tem visto nos últimos anos. Contudo, mesmo ainda com escassez de efeitos da retoma da reivindicação pelas forças da ilha, não se pode desistir, não se pode baixar a guarda como no passado.
Há de facto projetos agora em curso que vinham de reivindicações antigas da população, antes pouco apoiadas, pelo menos publicamente, pelos representantes da força no poder, mas estas conquistas de execução atuais não apagam outras necessidades também há muito propagadas pelos agentes do Faial. Tais são os casos do ordenamento da baía sul do porto da Horta, o crescimento do número de ligações do aeroporto da Horta com Lisboa e o aumento da pista desta infraestrutura e, inclusive, não se pode adiar também a resolução de situações mais recentes e urgentes, como a da muralha do castelo de São Sebastião, cuja situação se agravou fortemente fruto do furacão Lorenzo ocorrido já próximo do momento de transição de ciclo governativo regional.
Se no passado reivindicava sobre obras fundamentais para o Faial, agora, com a mudança de ciclo governativo, não deixo de as exigir, apenas passei a sentir agora apoio nesses apelos das forças-vivas e poder local desta ilha. Falta de apoio que nunca deveria ter sentido no passado.