Carlos Frayão

O Chega e os seus arrivistas, rufias e delinquentes...

21 de Fevereiro de 2025


Tenho afirmado e escrito que o Chega (CH) é um partido fascizante por ser um partido comprovadamente influenciado pelas ideologias dos dois partidos fascistas mais importantes, que, historicamente, o precederam: o Partido Nacional Fascista (de Mussolini) e o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (o Partido Nazi de Hitler).

 Considero, assim, que, no actual panorama político português, o CH é o partido ideologicamente mais próximo e, de algum modo, o “herdeiro” em Portugal do ideário dos partidos fascistas europeus dos anos 30 e 40 do século passado.

O CH é, por isso, o partido onde hoje se acoitam os saudosistas do regime fascista de Salazar e Caetano – que antes eram membros, simpatizantes e/ou votantes do CDS e do PSD – mas o crescimento eleitoral do CH tem-se feito menos com os votos desses saudosistas do que com os votos de muitos portugueses revoltados com as injustiças e com as desigualdades que os governos do PS, do PSD e do CDS criaram e aprofundaram nos últimos 40 anos. 

Apesar das suas óbvias afinidades ideológicas com os partidos fascistas tradicionais, o CH não quer assumir-se como um partido fascista, nem lhe é permitido fazê-lo…

Não quer assumir-se como um partido fascista por razões eleitoralistas, porque o povo português ainda tem memória do que foram as trevas e a opressão do fascismo e repudia o seu regresso, sob qualquer forma… 

Não lhe é permitido assumir-se como um partido fascista porque tal assumpção lhe está vedada pelo art. 46º, nº 4, da Constituição, que proíbe as «organizações (…) que perfilhem a ideologia fascista» …

Todavia, conforme também já escrevi aqui, as características essenciais dos partidos e dos regimes fascistas tradicionais não deixam de estar presentes no programa, nas actuações e nas intervenções do líder e de muitos dirigentes, deputados, autarcas e membros do CH, tais como o populismo, o racismo, a xenofobia, o ultranacionalismo, o desígnio da redenção da Pátria, o mito salvífico do chefe, a misoginia, a homofobia, o anticomunismo e o retrógrado lema Deus, Pátria, Família e Trabalho, inspirado na trilogia Deus, Pátria e Família de Mussolini e de Salazar.

 Escrevi aqui outrossim, a propósito da execrável conduta dos deputados do CH na sessão de boas-vindas, na Assembleia da República (AR), ao Presidente da República do Brasil, que os deputados do CH foram então boçais, arruaceiros e violentos.

E acrescento agora que também é um apanágio do CH uma outra característica que sempre foi inerente aos partidos fascistas tradicionais: a índole de arrivistas e de rufias (o Dicionário da Porto Editora define o arrivista como uma «pessoa ambiciosa e sem escrúpulos» e o rufia como uma «pessoa que provoca desacatos»), bem como a índole de delinquentes de muitos dos seus dirigentes, deputados e autarcas.

A História narra que os Camisas Negras, a milícia paramilitar fascista de Mussolini, que usava a intimidação, a violência e o assassínio contra os opositores do regime, integravam muitos criminosos, marginais e oportunistas à procura de sucesso e de fortuna fáceis.1

E ensina que a Tropa de Assalto do Partido Nazi, inicialmente uma espécie de força paramilitar de Hitler, que depois se transformou numa milícia popular, recrutava os seus membros entre desempregados, caceteiros, arruaceiros, ladrões e assassinos.2

Vem isto a propósito das muitas notícias que têm sido divulgadas sobre o extenso rol de ilícitos criminais, civis e de outra natureza, atribuídos a dirigentes, deputados, autarcas e membros do CH, alguns deles cometidos quando os seus autores estavam inscritos noutros partidos e ainda não eram membros do CH, no contexto dos quais o furto das malas em aeroportos por um deputado do CH é, porventura, o caso mais caricato e mais risível, mas não, seguramente, o mais grave… 

O CH é o partido com mais deputados na AR investigados, indiciados, acusados ou condenados por crimes e outros ilícitos: são 12 (doze!...) e representam 24% do total do seu grupo parlamentar os deputados do CH nessa situação relativamente a crimes de injúria, difamação agravada, ofensas à integridade física, furto qualificado, incitamento ao ódio, acesso ilegítimo, falsidade informática, falsidade de testemunho e violação de menor, bem como relativamente a ilícitos de outra natureza (imigração ilegal e execução por dívidas com penhora do salário).3

E, além do deputado dos Açores que cometeu o crime de condução em estado de embriaguez, há no CH diversos dirigentes de responsabilidade nacional, distrital e concelhia, ex-cabeças de lista, ex-autarcas e autarcas em funções que foram, ou estão a ser, investigados, acusados ou condenados por crimes de homicídio por negligência grosseira, homicídio na forma tentada, violência doméstica, extorsão agravada na forma tentada, tráfico de droga, posse ilegal de armas, peculato, falsificação de documentos, abuso de poder, burla e furto qualificado, inclusive furto de dinheiro de caixas de esmolas em igrejas.4

Não subscrevo a tese dos comentadores para os quais este número de delinquentes entre os dirigentes, deputados e autarcas do CH se explica pelos critérios permissivos que o partido pratica no âmbito do recrutamento para lugares de direcção e para listas de candidatos nas eleições legislativas e locais.

Reitero que a índole de arrivistas, de rufias e de delinquentes de muitos dirigentes, deputados e autarcas do partido de André Ventura é uma marca inerente ao CH, tal como, historicamente, o foi, sempre, aos partidos fascistas tradicionais.

 

1 Consultável em: Camisas-negras – Wikipédia, a enciclopédia livre.

2 Consultável em: 1934: Hitler manda executar Ernst Röhm – DW – 30/06/2024

3 Jornal Expresso de 29.01.2025 e revista Sábado de 07.02.2025.

4 Idem, ibidem.

Tenho afirmado e escrito que o Chega (CH) é um partido fascizante por ser um partido comprovadamente influenciado pelas ideologias dos dois partidos fascistas mais importantes, que, historicamente, o precederam: o Partido Nacional Fascista (de Mussolini) e o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (o Partido Nazi de Hitler).

 Considero, assim, q…





Para continuar a ler o artigo torne-se assinante ou inicie sessão.


Contacte-nos através: 292 292 815.
120
Outros Artigos de Opinião
"Confrontos de lama"
Carlos Faria

REFLEXOS DO QUOTIDIANO
.
"Centralização, Partidarite e Desconsideração: O P…"
João Garcia

AO ABRIR DA MANHÃ
.
"Crime Passional"
Jorge Moreira Leonardo

FOLHETIM
.
"O Primeiro-ministro devia demitir-se"
Carlos Frayão

REFLEXOS DO QUOTIDIANO
.
"Forrobodó de um Luís presidente"
Rui Gonçalves

A ABRIR
.
"Crime Passional"
Jorge Moreira Leonardo

FOLHETIM
.
"O Chega e os seus arrivistas, rufias e delinquent…"
Carlos Frayão

REFLEXOS DO QUOTIDIANO
.
"Crime Passional"
Jorge Moreira Leonardo

FOLHETIM
.
"A reivindicar sempre e sem baixar a guarda"
Carlos Faria

REFLEXOS DO QUOTIDIANO
.
"Seguro Escolar VS Seguro Desportivo"
José Maria B. Araújo

OPINIÃO
.