A figura do presidente da Assembleia Regional há muito que se vem fazendo notar.

Na condução dos trabalhos durante as sessões do parlamento já foi apelidado, pelo secretário regional Paulo Estêvão, de ter comportamentos de mestre-escola.

Mas a notoriedade de Luís Garcia vai muito para além das sessões parlamentares, ao nível do que nunca se viu a um presidente anterior. Anda numa roda-viva pelas ilhas dos Açores, por Lisboa e até por Bruxelas.

Quando ocorreu o incêndio no hospital de Ponta Delgada estava lá porque, como se sabe, decorriam as festas do Senhor Santo Cristo. Apressou-se e foi ao local. Parecia uma réplica do omnipresente Marcelo Rebelo de Sousa a importunar os bombeiros no combate às chamas.

Apressou-se a prestar declarações à comunicação social, garantindo que a integridade dos doentes internados estava salvaguardada, adiantando que tudo seria feito com esse objetivo.

Ora, quem pode garantir uma operação daquela natureza é quem tem competência para tal, leia-se a administração do Hospital e o Governo Regional. Luís Garcia aproveitou para meter a foice em seara alheia.

Recentemente visitou o mesmo hospital, declarando também que a opção pelo tão badalado hospital modular foi a mais correta.

Recordo que o assunto tinha acabado de ser, vasta e conturbadamente, discutido no Parlamento, onde foram evidentes as divergências que a decisão gerou. Tanto mais que estava já instalada uma comissão de inquérito visando o mesmo assunto.

Luís Garcia, que é deputado há muitos anos, devia saber que representa todos os deputados e não apenas os do seu partido.

Recentemente também, deslocou-se a Lisboa para reunir com um ministro e com uma secretária de Estado para sensibilizá-los sobre os temas da mobilidade e do mar. Esta visita foi mais útil, com certeza.

Luís Garcia reuniu com Lídia Bulcão, a secretária de Estado do Mar. Depois de ter trabalhado com ela três anos, no mesmo gabinete da Assembleia Regional pois foi sua adjunta, e com a questão do mar quase todos os dias na boca dos políticos, só se foi confirmar se ela sabe nadar, que deve ser, tal como eu, das poucas coisas que domina no vasto oceano. Sensibilizá-la é que não foi.

De tudo isto e mais alguma coisa dá conta no Facebook. Até, no mesmo Facebook, saudou os amigos e as amigas por ocasião dos respetivos dias celebrados nos Açores, antes do Carnaval. Ao que se é capaz de chegar quando a vaidade tolda o juízo!

Mas a cereja em cima do bolo foi a publicação, na sua conta da rede social, de um editorial do Diário dos Açores, escrito por Osvaldo Cabral, que se lhe referia em termos abonatórios.

Perante os casos descritos, só lhe falta confessar que o referente é mesmo o nosso inafável Presidente da República. Com a distância que vai daqui a Lisboa, apesar de tudo.

Luís Garcia talvez anda à procura do que não tem: a tão falada gravitas (peso, político, entenda-se).

Já agora, daqui respeitosamente lhe envio um pedido: se também pode fazer o favor de publicar este meu modesto artigo na sua conta do Facebook.

A nossa autonomia vai fazer 50 anos. Se não está consolidada, não é com a exorbitação das competências dos titulares de cada órgão que vai atingir maturidade.

Os Açores precisam de políticos com responsabilidade, com sabedoria e talento. Os açorianos dispensam o forrobodó.