Esta semana foi marcada pelas notícias dos candidatos escolhidos localmente pelos maiores partidos para as próximas eleições legislativas nacionais.
Não é que o caso tenha importância maior na medida em que se trata de elementos que vão integrar grupos de trabalho onde a preponderância respetiva tem sempre dificuldade em impor-se.
Mas, quando se fala da escolha de nomes para ocuparem lugares na política, isso, numa comunidade pequena como a nossa, gera sempre interesse. E gera também interpretações, conforme o gosto e o critério de análise de cada um.
Ficou a saber-se que Nuna Menezes vai ser candidata pela Aliança Democrática e Hugo Pacheco pelo Partido Socialista.
Mais importante do que descobrir que lugares vão ocupar, é sintomático perceber como foram escolhidos no seio dos seus partidos.
Quanto aos lugares, parece que Nuna Menezes leva vantagem pois tem garantido o terceiro posto na lista, o que lhe abre boas perspetivas para a eleição.
A escolha de Hugo Pacheco, por seu turno, também o deixa em posição de relevo no universo socialista local, já que, mesmo indo em quarto, não é a primeira vez que acontece e não é nada que lhe faça cair os parentes na lama.
O processo de escolha de candidatos, seja para o que for, é quase sempre problemático dentro dos partidos, principalmente os maiores. Os mais pequenos vão com o que têm.
Aproveito para introduzir aqui o tema das autárquicas, que já não estão longe, e só foi atropelado pela inesperada convocação de legislativas antecipadas.
Para a Assembleia da República, é fácil. Para a Câmara ou juntas de freguesia, já é mais difícil. A não ser no caso, como é o deste ano e já foi muitas vezes no passado, da reeleição dos titulares se afigurar garantida.
PSD e Partido Socialista estão em posições distintas na preparação das próximas eleições nacionais.
O PS, na oposição, padece do mal de não ter lugares para distribuir. Portanto, quando aparece um, saltam logo vários galos para o poleiro.
O PSD, por outro lado, no poder, está na fase de se entender quanto aos vários interesses em jogo.
Os socialistas enfrentaram algumas dificuldades na escolha do candidato do momento, Hugo Pacheco, já que se perfilavam vários interessados. No fim, quem queria, não conseguiu.
Quanto ao PSD, a influência dos forasteiros infiltrados é cada vez maior, ao ponto de já dominarem a máquina do partido. Esse domínio teve clara expressão na opção por Nuna Menezes.
Se Hugo Pacheco é uma figura ligada ao PS, há muitos anos, com participação diversa no âmbito da atividade partidária, já Nuna Menezes tem muito pouca ligação ao Partido. Apareceu para a Assembleia Municipal e agora está a ser manipulada por interesses escusos de quem se serve dela para tapar o caminho a outros.
Seja como for, parecem-me dois bons candidatos. Fazem jus à tão propalada renovação porque são pessoas com provas dadas na vida profissional e fogem ao padrão de quem está sempre colado ao partido porque não sabe fazer outra coisa.
Foram, pelo menos para mim, dois candidatos surpresa.