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Uma questão de credibilidade

por Incentivo
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Tem início hoje, sexta-feira, mais uma Feira Agrícola e Comercial na Quinta de São Lourenço.

Esta designação, que dá continuidade a outras, não veio trazer nada de novo à festa que começou e registou a sua marca com referência ao Mundo Rural. Ainda hoje há quem se lhe refira como a Festa ou o Encontro do Mundo Rural.

A iniciativa surgiu para dar vitalidade a um local e a um momento do início do verão, nos intervalos da realização da Feira Açores.

A minha reflexão hoje vai exatamente para a Feira Açores, a qual a nossa ilha não logrou ver realizada este ano.

Criada e organizada pelo Governo Regional era um acontecimento rotativo em várias ilhas. Agora deixou de ser.

De acordo com o que se ouviu nas notícias, designadamente na RTP Açores, apesar de estar prevista para o Faial, a edição deste ano vai realizar-se em São Miguel. Porque, segundo o presidente da Câmara da Horta, o secretário Regional António Ventura faltou ao seu compromisso.

É muito curiosa a forma que Carlos Ferreira encontrou para se referir ao assunto na apresentação do programa deste fim-de-semana: “É verdade que o senhor secretário regional o prometeu há dois anos, aqui precisamente neste espaço”.

Se isto é uma crítica, é muito doce e carinhosa! Está muito longe de se assumir como protesto.

Sobre a divulgação do programa, a Câmara Municipal distribuiu uma nota que nem toca no assunto. O que leva a crer que não lhe dá muita importância.

Além disso ficámos sem saber qual a razão de não termos Feira este ano. Se o presidente não o queria dizer, pelo menos o jornalista tinha a obrigação de perguntar.

A Feira Açores, quando se realiza no Faial, é talvez a festa mais importante da ilha a seguir à Semana do Mar. A Festa Branca ainda não a suplantou.

A ausência da Feira Açores, que julgo ser notada e lamentada por muita gente, em que eu me incluo, traz vários inconvenientes que me dispenso de enumerar. Principalmente ao nível do mundo rural.

Concursos de animais, um dos pratos fortes da Feira, não são os mesmos sem os belos exemplares que concorrem em pé de igualdade com os da casa, estimulando a competição e o consequente desenvolvimento das produções.

Lembro-me muito bem de, aqui há uns anos, ter acontecido o mesmo. Nessa altura saiu logo o chorrilho de críticas ao Governo de então, do Partido Socialista, pelo PSD, partido da oposição.

E o caso não era para menos, de tão inusitado e prejudicial aos interesses do povo desta ilha. Deu até direito a votos de protesto em instâncias municipais. Era injusto, estava a deixar-se o Faial para trás, enfim, um atrevimento sem medida. Coitado do presidente da Câmara, que na altura era José Leonardo, acusado de não defender os interesses do seu concelho, sucumbindo às ordens regionais.

Pela boca morre o peixe.

Alguns “cristãos novos” que entretanto se alaparam ao poder, tendo o poder mudado de mãos, na região e no concelho, estão agora mudos e quedos. É caso para perguntar ao serviço de quem estão.

Para eles basta apregoar que o Faial é atualmente um estaleiro, com obras a decorrer como nunca antes visto. Está aí corporizado o desenvolvimento da nossa ilha.

Mas o progresso de uma ilha ou de uma região não se mede apenas pela obra física. É preciso mais, até mais barato. É preciso compreender as necessidades, não só económicas, mas também culturais e definidoras da identidade do povo.

Está sempre na boca do nosso presidente da Câmara a “atratividade” da ilha do Faial, para locais e para visitantes. Talvez fosse mais útil mostrá-lo, fazendo agora no poder o que reivindicava na oposição.

É uma questão de credibilidade.

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